De uma hora para outra, parece que os gringos invadiram São Paulo. Dá a impressão de que eles estão por toda parte, em todos os cantos da cidade. E, de fato, estão. Na minha casa mesmo, há três deles, incluindo eu, que sou da Patagônia, minha mulher, que é espanhola, e nossa flatmate, Suzanne, que é a francesa loira que você vê nestas fotos. Ida, a morena, é dinamarquesa e companheira de graduação na Sorbonne. As duas ficaram melhores amigas lá, daí o clima de cumplicidade das cenas que você vê. As fotos foram feitas na sala da nossa casa, no Copan, o edifício cartão-postal de São Paulo, uma cidade feita de paulistanos por adoção (como eu, Ida e Suzanne) e de imigrantes “de todo canto e nação”, como bem diz Tom Zé, um cara que os gringos adoram. Mas não tocava Tom Zé na agulha quando sugeri a Suzanne que ela posasse para Trip com sua melhor amiga, a Ida. Nem música rolava, na verdade. Estávamos eu e Suzanne preparando o jantar quando dei a deixa e ouvi uma resposta positiva que reverberou pela cozinha: um tropicalista e decidido “aham!”. Em seguida, veio uma confissão: “Nós duas já tínhamos falado sobre posar para você”, disse, a voz suave como a de uma menina. “Era um papo casual, falei para ela das fotos que você faz e perguntei se ela toparia”, completou. Só nos restou então marcar um dia para as fotos, um dia que não atrapalhasse a rotina de estudos das intercambistas, que estão estudando ciências políticas em uma das faculdades privadas mais tradicionais e conceituadas do Brasil. Pois sim, meu caro, “as mina” são cabeça e corpo, unha e cutícula. Belezas sem reparos e com conteúdo. E donas de uma delicadeza envolvente. Estão sempre coladas. Vão à faculdade juntas, circulam pelo Bexiga (é lá que Ida mora) e pelo centro, vão a galerias, shows, feiras orgânicas e a muitos restaurantes. Adoram comer bem, experimentar novos sabores e acham São Paulo a cidade mais interessante domundo no momento, talvez porque tenham consciência de que a experiência que vivem hoje aqui vai marcar a vida delas para sempre. “Só fugimos do circuito Vila Olímpia, que o pessoal da faculdade adora”, diz Ida. “O melhor da cidade está no centro”, afirma Suzanne. É impossível discordar ao ver as duas despidas (de qualquer coisa) em plena marquise do Copan. “Ficar nua aqui me dá uma sensação de controle sobre a cidade e ao mesmo tempo de conexão total com a vida lá embaixo”, disse Suzanne. Esse foi o único momento do ensaio em que eu dirigi as duas amigas em cena. Com exceção dessa imagem – coreografada como uma dança secreta (nós estávamos vendo São Paulo, mas ninguém nos via) –, todas as outras foram registros que partiram do desejo delas. Ida está solteira. E, durante os cliques, comentou que gosta de ficar imaginando como seria ideal se existisse um homem híbrido, que unisse o tempero peculiar de um carioca com as qualidades agridoces de um turco. As duas explodiram em gargalhadas, uma mais grave, outra de uma tessitura quase infantil, ambas nem aí para o vento daquela tarde de outono. Ah, sim, no dia das fotos fazia frio. Frio para os padrões paulistanos, que fique claro. “Mas somos europeias e para nós o clima está ótimo”, rebateu Ida, com os poros arrepiados. Como bem cunhou Paul Valéry, poeta francês, “o mais profundo é a pele”. E não cito o cara aqui só para agradar as amiguinhas intelectuais. Da pele para dentro, da pele para fora, o termômetro oscila. Pode-se sentir frio em um dia fervilhante na costa francesa e calor em pleno inverno dinamarquês. Em São Paulo, Ida e Suzanne se sentem aquecidas. O lugar onde se escolhe estar (São Paulo, Paris, Copenhague ou Comodoro Rivadavia) é sempre aconchegante. E paixão, meu amigo, é coisa de pele, eu nem preciso dizer.No topo do Copan, edifício cartão-postal de São Paulo, a dinamarquesa Ida e a francesa Suzanne se despem de tudo. “Ficar nua aqui dá uma sensação de controle sobre a cidade e ao mesmo tempo de conexão total com a vida lá embaixo”
Ida e Suzanne
Lingerie Day
Neste #lingerieday, uma seleção das fotos de Trip Girls vestindo lingerie.
Jessica Olsson
Sueca. Algo estranho acontece no cérebro de um homem quando ele escuta esta palavra de cinco letras. Mais rápidas do que nunca, suas sinapses logo elaboram a imagem mental de uma mulher. Uma mulher tão bela que chega a atormentar. O cabelo é loiro-alvo – e natural! A pele é dourada de sol, ainda que raramente o astro rei dê as caras pelo país nórdico. Os olhos são azuis, ou variações sobre esse mesmo tom. E o corpo... bom, o corpo é como o de uma top made in Brasil mesmo, uma coisa assim meio Gisele Bündchen. Magra, mas sem perder as curvas jamais. Quando um homem escuta a tal palavra, portanto, pensa em uma mulher como Jessica Olsson. Jessica (“mas pode chamar de Jess”) nasceu em Malmö, cidade com pouco mais de 300 mil habitantes, mas ainda assim a terceira maior da Suécia, 26 anos atrás. Desde abril do ano passado, todavia, ela está entre nós, no Brasil, mais exatamente no litoral norte de São Paulo, na Praia Preta. É lá que ela e o norueguês Anthony Huus, seu namorado, moram. Em um chalé de dois quartos alugado, “no meio de uma floresta, perto da praia”, sem televisão, sem sinal de celular, sem internet. O que eles fazem da vida por lá? “Nós vivemos”, é a resposta, aparentemente simples, mas cheia de significado. “Assistimos a filmes, escutamos música, surfamos muito, namoramos...” Os dois também brincam de tirar fotos como estas aqui, clicadas pelo próprio Anthony. “Sou tímida, mas posar para o namorado é fácil. Não tentei ser sexy nem nada do tipo. Apenas fui quem eu sou. Nos divertimos muito fazendo este ensaio. Espero que isso fique evidente para os leitores”, conta. Ficou, Jess. Anthony, que “abrasileirou” há nove anos, foi quem importou a moça para este lado do hemisfério. O casal se formou quando ele fazia snowboard na Noruega, no mesmo resort em que Jess trabalhava durante o inverno – era o jeito que ela dava para passar a estação praticando o esporte de graça. Desliza pra cá, desliza pra lá, o negócio virou namoro. E o rapaz resolveu trazer seu mais novo amor consigo. “Eu estava sem planos para depois da temporada de esqui. Ele convidou e eu vim. No avião, tive uma crise: ‘Nossa, o que estou fazendo da minha vida? Nem conheço direito esse cara!’. Chegando aqui, ainda bem, deu tudo certo.” No Brasil, a neve foi substituída pela areia e pelo mar, e de snowboarder, Jess virou surfista. Pega onda todo dia. Antes, na adolescência, foi jogadora de basquete, de futebol, jogou hóquei e fez até motocross. Modelo mesmo só resolveu ser no Brasil, por insistência dos brasileiros (possivelmente culpa do tal poder sobrenatural da palavra “sueca”). “Todo mundo me perguntava se eu era modelo quando cheguei aqui. Acabei pegando uns trabalhos. Por que não experimentar as coisas, não é mesmo?”, diz. Jess também já experimentou morar na Espanha e na Áustria. Por ora, pretende ficar no Brasil. “Mas não penso muito nisso. Gosto de não ter um trabalho das 9 às 17, um apartamento próprio, uma renda fixa... Vivo o day by day, aceitando tudo que vem pela frente. Estou há seis anos desse jeito. E estou muito feliz.” Quem não estaria?Jessica Olsson nasceu 26 anos atrás naquele país nórdico famoso por suas belas mulheres. Mas largou a vida de primeiro mundo para morar com o namorado fotógrafo em um chalé numa praia paulista, sem internet, telefone ou televisão. Levam a vida surfando, namorando, vivendo. E tirando fotos como estas aqui
Isabela Gomes
Isabela Gomes não consegue lembrar ao certo as suas medidas. Arrisca que tem 1,65m e 55 kg. Pra ela, mais fácil é falar a lista de seus artistas favoritos. “Sou totalmente apaixonada por musica brasileira. Caetano, Chico, Vinícius, Cartola, Bezerra da Silva, Mutantes, Novos Baianos, mas também gosto de bandas gringas como Led Zeppelin, Daft Punk, Belle & Sebastian”, diz ela que também gosta de filmes alternativos e tem entre seus livros favoritos Dom Quixote e Cem anos de solidão. Em seus 23 anos deixou sua cidade Brasília por apenas seis meses, quando morou no Rio de Janeiro para fazer um curso profissionalizante de fotografia. Mas como fã de viagens, já sonha com Barcelona, onde fará um curso de especialização. "Também fiquei loucamente apaixonada pela Bolívia. Eles têm paisagens fantasticas e o povo é muito receptivo". Inquieta, a estudante segue uma rotina movimentada. “Semestre passado acordava cedo, ia pra aula, voltava pra casa pra almoçar, ia pro trabalho e às 19h ia novamente pra aula até às 22h”. De acordo com ela, essa correria a deixou preguiçosa, mas agora ela quer recuperar o tempo perdido. “Ultimamente tenho me cuidado bem mais. Tenho tomado muito cuidado coma minha alimentação e faço boxe de duas a três vezes por semana”, diz ela, sem nóia com o peso.
Sua paixão por arte faz a conexão entre suas duas escolhas de carreira: arquitetura e fotografia. “Amo as mil possibilidades que a arquitetura me traz. Posso fazer jardins, praças, casas ou até cidades. Assim como dentro da fotografia existe um mundo de possibilidades. A fotografia analógica me dá diferentes resultados dependendo da luz, do filme que uso, da câmera”.
Catharina Bellini
Cidade de Taipé, República da China, 2010. A modelo paulistana Catharina Bellini recarrega as energias comendo um balde cheio de frango frito, daqueles bem gordurosos, num fast-food ao lado do apartamento que ela divide com outras meninas, todas modelos. O dia foi puxado, cheio de compromissos: sessões de fotos durante o dia e festa regada a todo tipo de bebida à noite. Nascida e criada em um dos bairros mais tradicionais e gastronômicos da cidade de São Paulo, a Penha, ela sempre gostou de comer, nunca gostou de dieta e nunca teve crise com a balança. “Só fui perceber que tinha engordado quando fui vestir uma calça jeans e ela não fechava. Eu bebia muito, comia muito, engordei quase 10 quilos.” Foi aí que o alerta disparou. Não o da balança, mas sim o da consciência. Já se passara quase um ano e ela ainda estava ligada no modo “trabalho/balada” quase 24 horas por dia, sete dias por semana, mas desta vez acompanhada de um regime imposto pela agência em que ela trabalhava. “Eles me falaram que eu estava gorda, precisava emagrecer a qualquer custo. E olha que eu tenho 1,62 metro e estava pesando 50 quilos.” A pressão no trabalho ia aumentando, enquanto sua vontade de continuar levando aquela vida diminuía a cada dia. Aos poucos foi desencanando até que largou de vez a carreira de modelo. “Quando fui morar fora eu não sabia nem falar inglês, não fui instruída. Fui pra lá esperando outra coisa e, quando chegava nos castings, não me sentia à vontade com as poses que eu tinha que fazer, os trabalhos que me ofereciam. Quando me mudei pra Coreia do Sul eu já estava esgotada, emocionalmente desequilibrada. Pra você ter ideia, até o voo de volta para o Brasil eu perdi.” O equilíbrio veio quase dois anos depois. Catharina, hoje com 21 anos, está de volta ao bairro onde nasceu e foi buscar na família a inspiração para colocar sua vida de volta ao eixo. Do avô, ela resgatou o prazer por pintura e artes plásticas. Do pai, ganhou um violão “daqueles antigões, que ele comprou nos anos 80” e o gosto musical por bandas de rock clássicas, como AC/DC, The Doors e Jimi Hendrix. E da mãe herdou a beleza, que exibe e da qual fala cheia de orgulho, sem culpa alguma. “Acho que foi uma espécie de dom, sabe? Nascer bonita e ter a oportunidade de tentar viver disso. Porém eu prefiro que as pessoas me reconheçam não só pela beleza, mas também pelas outras coisas que eu faço: minhas fotos, meus desenhos.” Da vida de modelo ela guarda alguns traumas ou lições, como prefere chamar. Aprendeu a valorizar o que ela gostava que valorizassem nela mesma: a personalidade. Despreza aqueles que se importam com vaidade: “A maioria dos modelos era assim. Roupas de grifes, festas caras, tudo muito bonito, mas vazio por dentro, sabe?”. O corpo é uma festa Catharina não se importa mais com baladas, roupas de luxo, aparências. Trocou a rotina agitada e badalada da vida de modelo por outra mais simples. Trabalha em um shopping da zona leste da capital, divide o apartamento com o namorado e investe o que ganha em cursos de desenho e fotografia, além de passar as horas vagas tocando no violão as bandas que seu pai a ensinou a gostar. Tem o corpo repleto de tatuagens, duas delas em homenagem ao namorado: uma de uma pérola (“uma pedra preciosa e delicada, que precisa de cuidado para não quebrar, assim como eu”) e outra de um gato, para selar sua união de quase um ano. Mas esse excesso de confiança que ela carrega em cada resposta não consegue esconder o riso nervoso, o olhar incômodo e um certo desconforto quando tem que falar sobre sua vida pessoal e se vai gostar de se sentir desejada assim que este ensaio, fotogrado no ateliê do artista Marcelo Cipis, chegar às bancas: “É natural ficar pelada na frente dos outros, trocar de roupa. É uma coisa de que não tenho vergonha. A religião coloca de um jeito como se fosse tabu ficar sem roupa. Esses dias li uma frase que dizia que o nosso corpo é uma festa, é aquilo que a gente é, não é preciso ter vergonha ou medo”. E assim, flertando com os clichês, ela vai construindo as novas bases de sua nova vida, longe dos holofotes e da badalação, e aproveitando as coisas simples da vida. “Aquelas que realmente fazem a gente feliz, né?”A ruiva Catharina Bellini cresceu num bairro tranquilo de São Paulo. Aos 18 anos, largou tudo para ser modelo na China. Quase se perdeu no mundo repleto de glamour e festas, mas voltou e reencontrou o prazer nas coisas simples da vida
Produção Anabelle Custodio Make & Hair Alessandra Maloupas Agradecimentos Marcelo Cipis
Carol Vecchi
Desde que sou colaboradora da Trip, já há uns seis anos, tenho pensado na imagem da Trip Girl perfeita. A gente passa muito tempo conversando sobre essa mulher ideal e o que ela representa. O que ela faz quando acorda, quem namora, se tem coleção de discos, se prefere cachoeira ou mar, se tem aquelas tatuagens ruins que a gente faz aos 18 anos... Na real, as moças que passam pelas páginas da Trip são muitas e variadas. Onze edições por ano, durante mais de 25 anos, é uma bela coleção. Tem de todas as idades, tatuadas, roqueiras, mais hippies, de vez em quando algumas gringas... Mas todas elas têm que ter algo indefinível em comum. Vira e mexe, aparece uma daquelas meninas- mulheres tão elogiadas por Jorge Ben, que incorporam em todos os ângulos o que representa estar nestas páginas. Quando você menos procura, você vê que, HOLY SHIT!, ela existe. E não só existe como aparece na redação de legging e sorridente, dizendo que namora a Trip desde adolescente, quando roubava as revistas do pai surfista. Pouco tempo depois, lá está ela diante de você numa fazenda em Minas Gerais, tirando a blusa e montando em um cavalo branco no final da tarde, com aquele restinho de sol fazendo carinho em seu corpo. Ou tomando chá naquela luz fraca e dourada das seis da manhã, se alongando na sombra do coqueiro, contando histórias de quando morava na Austrália na juventude. A paulistana Carol Vecchi tem 29 anos. É uma menina de beleza pura, cabelos compridos e pele firme. Nas tardes de quinta-feira, gosta de colocar a prancha no carro e descer a estrada para Ubatuba. Curte também andar a cavalo. E oferecer seu olhar tímido e o sorriso aberto a quem for, apesar das tristezas e perdas que viveu, e que divide com os outros aos poucos, sem medo. Ioga para cegos Aquele sonho da mulher brasileira que vendem para os gringos é de verdade. E a Carol é uma das mulheres mais de verdade que já conheci. A marca de biquíni é tão bem definida que mesmo nua no quarto ela parece ainda estar na praia. As mexas loiras no cabelo são do sol e do mar, e não do salão. E, depois de fazer seu primeiro ensaio sensual, de mostrar o corpo para todo o mundo, o que ela estranhou foi... ver sua mão feita nas fotos (ela quase nunca faz as unhas). Ela vai trabalhar no departamento de marketing de uma empresa de telefonia vestindo terno e camisa, mas tira logo os sapatos e fica descalça na mesa. Nas tardes vagas, dá aula de ioga para deficientes visuais e abre as pernas de ponta-cabeça com a mesma leveza que eu e você colocamos um café na nossa xícara preferida pela manhã. Me pergunto como deve ser um cego fazendo aula de ioga com a Carol – a gente sempre se apaixona pelas nossas professoras de ioga, né? São poucos os homens que viram Carol nua e que encostaram nesta pele de ouro. Mas ela decidiu que agora é o seu momento, que será bom para ela se abrir para o mundo. Este ensaio que você está vendo, apesar de ser perfeito e incorporar todas as mulheres em um, é dela. Só dela. Foi ela quem foi atrás dele, quem abriu a porta para vocês olharem bem de pertinho. Chegou o momento desta moça cheia de graça e de encantos incontáveis que a gente adora tentar contar.Pouquíssimos homens haviam visto a bela imagem da reservada Carol Vecchi nua – até agora. depois de superar perdas e tormentas da vida, ela quer mais é chegar chegando
Coordenação Geral: Adriana Verani Styling: Gaia Prado Assistente: Irene Contreiras Make&Hair: Christian Mourelhe Assistente de foto: Josu Agradecimentos: Calvin Klein, Cavage, Eskala, Quintess, Tulli, Valisère
Mey Santana
Nascida na sugestiva Boa Esperança, em Minas Gerais, a modelo Mey Santana gosta mesmo é da correria da capital paulista, onde mora desde os 3 anos. Quando pisou pela primeira vez na rodoviária do Tietê, em São Paulo, Mey caiu de amores pelos arranhas-céus e toda a movimentação que capital pode oferecer. Na época tinha apenas 3 anos, mas lembra muito bem da sensação que ela sentiu ao pisar pela primeira vez na capital: “todos aqueles prédios, carros, gente andando de um lado para o outro. Eu sou do interior de Minas né? E lá agitação só quando circo chega na cidades [risos]". Nascida na sugestiva Boa Esperança, em Minas Gerais, Mey aproveita a energia de sobra dos seus 22 anos para correr atrás de seu sonho de ser modelo, custe o que custar. "Eu sempre quis ser modelo, desde pequenininha, mas por falta de tempo e de grana, nunca consegui me dedicar somente a isso. Mas eu sou teimosa, insistente e persistente". "Sou teimosa, insistente e persistente" Aliás, se tem algo que ela faz questão de enfatizar durante toda a entrevista é este seu lado insistente. "Meu primeiro ensaio eu consegui depois de mandar e-mail todo dia para a produção de um programa de televisão. Enchi tanto o saco do produtor que ele me chamou para fazer as fotos". O mesmo plano foi colocado em prática para conseguir ser fotografada por Bonfá, o autor deste ensaio. "Eu sempre gostei das fotos do Bonfá e ficava me imaginando nas fotos dele. Aí eu mandei tanta mensagem para ele, que um dia ele me chamou para fazer o ensaio. Foi meu primeiro ensaio sensual, fiquei com vergonha, mas o resultado ficou lindo." Nisso nós temos com o que concordar, Mey. Não precisa nem colocar em prática mais um novo plano de de convencimento.
Patrícia Britto
Jaqueta de couro negro chuviscada por rebites, calça vermelha rasgada horizontalmente e camiseta em que se lê “Trouble Maker”. Quem vê, pensa que Patricia Britto é de briga, mas lhe basta abrir boca e olhos para sabermos que a moça é de paz. E que placidez. De riso solto e voz fácil, a jovem de 23 anos vacila em ceder encontro a sua íris verde. “Não sei se você teve essa impressão, mas eu sou muito tímida, muito na minha”, diz ela enquanto relembra seu recente passado no Mato Grosso do Sul. Criada nas franjas do Pantanal, na região de Três Lagoas, a garota teve a clássica infância de fazenda: pescaria, roça, bichos e muita comida. “Fui criada a doce de leite, queijo, tudo caseiro. Quando vim pra cá, aprendi a dar muito mais valor às coisas simples”, conta. Nessa lista de pequenas grandezas estão um cuidado ou outro com a alimentação e, claro, a família. “Falo com eles no celular todo dia. Eu e meu pai, a gente é unha e carne”, afirma Patrícia ao se lembrar da viagem marcada para a China. “Fui criada a doce de leite, queijo, tudo caseiro. Quando vim pra cá, aprendi a dar muito mais valor às coisas simples” Em mais um salto na carreira, a jovem ruma aos cantões da Ásia mesmo a contragosto dos pais. Não querem a cria longe e também fazem cara feia para ensaios sensuais como esse ou piercings e tatuagens, coisa que Patrícia adora. Ainda bem que suas malcriações são bem feitas. No ensaio para a Trip os traçados da silhueta dispensam a conversa fiada sobre medidas. No máximo, uma atenção maior para a parte do seu corpo que ela mais gosta - engana-se quem apela para o lugar comum. “Barriga. Sou apaixonada”, conta a moça. A mesma barriga que quem vê, pensa se tratar de abrigo sofrível como para tantas modelos. “Amo sentar num boteco com uma amiga, tomar uma cervejinha e ficar conversando.” Simples, como as coisas deveriam ser. Créditos - Fotos: Alex Korolkovas / Produção e Estilo: Juliana Hirschmann / Beleza: Drika Lopes / Assistente de foto: Allyson Alapont Agradecimentos de Moda: À Dor Amores (11) 4781-4294 / Darling (11) 2982-7237 / Dilady 0800 970- 5453 / Fruit de La Passion (11) 3751-3858 / Hope 0800 5500 18 / Puket (11) 3062-4897 / Pink Delicatessen (11) 3060-8696
Helena Serena
Com 18 anos recém-completados, nunca precisou da maioridade para saber o que fazer com sua vida, tampouco faz jus ao segundo nome. Foi a primeira da turma a fazer tatuagem, a fumar, a colocar piercing e a transar com um namorado – só não era a primeira da classe porque isso não interessa a quem tem espírito rebelde. Agora pode dizer também que é a primeira a posar nua. Não que tudo isso seja uma grande questão para Lê, como ela é conhecida por todo mundo em Ilhabela. “O físico para mim não é uma coisa íntima, é natural. Sempre gostei de ficar pelada em casa, moro na praia, nunca tive essa coisa de vergonha.” Ela não é dessas mulheres de beleza exuberante ou exótica. A pele é levemente morena, os olhos são cor de mel, e a boca carnuda talvez seja o que mais salte aos olhos – há um certo sorriso permanente em sua boca, levemente malicioso (a malícia, muito provavelmente, está nos olhos de quem vê). Mas sua presença é magnética. Talvez seja a forma como ela encara alguém enquanto presta atenção no que está sendo dito, com a curiosidade de quem quer descobrir o mundo e tem uma porção de sonhos. Um deles é cantar. Em seu perfil no Facebook há um vídeo de Helena interpretando, no Mirante do Portinho, em Ilhabela, voz e violão, uma composição própria. “Tô vivendo esse sonho, não te peço para participar” é um dos versos, entoados com uma voz suavemente rouca. “Componho para tocar as pessoas com meus pensamentos e minhas histórias. Sou muito antenada em música, amo jazz”, conta ela, que também é fã de Amy Winehouse. Mesmo quando era menor de idade, o que não faz muito tempo, Lê já integrava o circuito de bares de Ilhabela dando canjas, já que não podia trabalhar na noite. Agora até montou uma banda, chamada Carpet, e ganhou um festival local. O prêmio? Gravar a canção vencedora, sua primeira vez em um estúdio. "Acho que tem que perder a vergonha, tem que se mostrar, subir no palco e cantar. É bem melhor fazer isso que passar a vida inteira frustrada por nunca ter feito o que tive vontade." Ao mesmo tempo em que Helena se torna cada vez mais uma mulher feita, que quer mudar para São Paulo em 2014 para focar a veia artística, nela ainda habita a moleca que joga futebol duas vezes por semana, que anda de skate e ama cachoeiras. Apesar da fidelidade das amigas, Lê passa a maior parte do tempo com os amigos homens – é assim desde sempre. Se ela começou a se sentir desejada por eles quando a adolescência modelou seu corpo? “Sempre teve muito respeito, os olhares não ficaram diferentes, não”, diz, antes de afirmar que também nunca foi muito paparicada em Ilhabela. “Há muitas meninas lindas por lá.” O ensaio de Helena Serena foi muito natural: aconteceu na casa dela, retratando sua rotina. Começou na cama, como se estivesse despertando – e preguiçosamente se revelando –, e chegou até o telhado. Foi nessa hora que seu vizinho adolescente viu, toda nua, a gata em teto de zinco quente. Na hora, apesar de ter dito que fica assim em casa naturalmente, Lê ficou puta da vida e começou a gritar com o rapazote – como se ele tivesse alguma culpa em ver a vizinha linda, pelada, ali, alçada aos céus. Depois, mais calma e vestida, ela foi pedir desculpas a ele. “A ilha é muito pequena, rola muita fofoca. Essa revista, ó, vai repercutir!”, diverte-se. “Mas eu já não ligo mais. As pessoas que me conhecem sabem bem que eu gosto desse universo das artes, de tirar foto. Acho que tem que perder a vergonha, tem que se mostrar, subir no palco e cantar. É bem melhor fazer isso que passar a vida inteira frustrada por nunca ter feito o que tive vontade. Eu não vou me arrepender por não ter tentado.”Helena Serena não faz jus ao nome. Impetuosa, explosiva e inconstante, a nativa de Ilhabela mal chegou aos 18 anos e já se mostra pronta para o mundo
Nara Lobo
Eu a vi pela primeira vez em um lobby de hotel. Soube naquele instante que eu iria amar esta mulher. Em geral, eu tenho um bom senso quando se trata de mulheres. Eu sei qual tipo de mulher me fará sentir mais equilibrado e qual tipo representará um grande risco para mim. Aquela mulher ali sentada na cadeira do lobby de hotel significa perigo. O problema: Eu amo o perigo e o risco! Ela me olha, seus olhos me perfuram com desejo e me chamam. Vou!? A vida é sempre maravilhosa quando você perde o controle das coisas e se deixa levar pelo fluxo. O encontro com esta mulher é a vida pulsando, porque isso significa perder o controle totalmente. "O encontro com esta mulher é a vida pulsando, porque isso significa perder o controle totalmente" Eu perdi o controle 30 minutos depois, quando suas unhas arranharam as minhas costas. Uma dor bonita. Seus cabelos negros deslizam através dos meus dedos, e eu tento agarrá-la pelo pescoço, tentando domá-la, mas sem sucesso. Ela é como uma grande felina, um animal selvagem fora de controle. Eu, que estava acostumado a dominar, fui dominado. Ela gosta disto. Seus gritos ecoam pela sala que nada mais é do que um chão duro e nu. E mais uma vez, a dor é bela. A sensualidade de Nara Lobo é indescritível e encontra expressão no calor de seu corpo. Seus lábios envolvem os meus e seus dentes me dão leves mordidas de prazer. Eu mal posso me conter, não consigo segurar os sons do meu gozo. Meu coração bate rápido. Eu sabia naquele momento que era melhor não vê-la novamente porque ela iria destruir a ordem na minha vida. No dia seguinte porém, lá estava eu com ela. Um relacionamento com esta mulher é inconvencional. Mas quem quer buscar o convencional? Pessoas entediantes e que não têm energia para explorar a vida fora das normas sociocomportamentais. Nara Lobo é uma mulher que tenta não se resignar às normas, as regras e aos comportamentos, ela busca quebrá-los e subvertê-los. Isso nem sempre é fácil ou possível, mas definitivamente é uma experiência. Eu não sei o que a vida com esta mulher irá me trazer. Talvez ela seja apenas um sonho, um sonho lindo, e que ao acordar me faça querer saber: quem é Nara Lobo?
Bárbara Paz
Não é a primeira vez que me chamam pra escrever sobre a Bárbara. Conheço segredos dela (e ela meus) que nunca serão revelados. Segredos que me levam a pensar sempre na mesma coisa: poucos conhecem a verdadeira Bárbara Paz. Poucos têm a oportunidade de conviver com o humor inteligente e bufão, com a risada escrachada que contamina, e de ouvir besteiras da rotina com o vozeirão grave, com seu jeito ansioso, delicioso. Sua primeira aparição pra mim já foi nua, no clipe Pelados em Santos, dos Titãs, de 1999. Como jurado de um prêmio da MTV, recebi a fita com esse clipe, uma provocação mundana genial ao mundo da publicidade bolada pelo maior de todos, Washington Olivetto. Bárbara oferecia as tetas para o consumidor voraz mamar. Depois, no circo e no teatro, conheci a Bárbara palhaça e cômica. Rondava os palcos alternativos de São Paulo. No Next, ali na rua dos travestis do centro, a Rego Freitas, fazia Um chope, dois pastel e uma porção de bobagem, comédia hilária de Mário Viana com os Parlapatões, grupo com o qual ela se associou de corpo, coração e alma. Na época, namorava meu grande irmão Raul Barreto. Fez com o saudoso Marcos Cesana a peça Felizes para sempre, um dos melhores textos do meu grande amigo e parceiro Mário Bortolotto, no porão do Centro Cultural São Paulo. Trabalhamos juntos na peça Suburbia, de Eric Bogosian, dirigida pelo Chiquinho Medeiros. Eu colaborava na tradução e vivia com ela o dia a dia dos ensaios, dos bastidores, da montagem. Gente boa de trabalhar. Bem-humorada, sóbria. Foi uma temporada longa. Viajamos. Mudamos de teatro. Até que ela veio nos dar a notícia que teria que sair: “Liguem a TV hoje à noite no SBT que vocês entenderão”. Me esqueci de ligar, mas nem precisou: os atores começaram a telefonar, olhem a Bárbara no Silvio Santos, na Casa dos artistas, o que é isso? Acompanhamos de olhos arregalados o surpreendente, e até então inédito por estas bandas, reality-show. E ela ganhou! Precisava. Nunca escondeu de ninguém que fez o programa pela grana, pra ajudar as irmãs que a criaram no Rio Grande do Sul, já que ficou órfã cedo. O tal carro da Fiat que cada participante ganhou? Ela doou para uma irmã. Todos nós sabíamos: ali transborda talento. Seu timing de humor e drama estão em perfeita sintonia; tem ousadia de encarar papéis difíceis e de se entregar no palco ou diante das câmeras. Bárbara é “gente de teatro”, que é como classificamos atrizes e grandes atrizes. Torcemos pro rótulo “ganhadora da Casa dos artistas” passar logo pra ela voltar ao teatro. Então, vi Bárbara deslumbrante com o Grupo Tapa em Contos de sedução, de Guy de Maupassant, e em A importância de ser fiel, a dúbia comédia de Oscar Wilde. Depois, surpreendentemente mais rodriguiana do que muitas rodriguianas, em Os sete gatinhos, cruel e sensual, como pede Nelson Rodrigues. Vi ela fazer a ninfeta fútil e devassa Lolita Pille, na adaptação do livro Hell, dirigida pelo marido, Hector Babenco, e também a musa inspiradora de um autor em Vênus em vison, também dirigida por Babenco, em que vive uma atriz que seduz, atormenta e acaba revelando um lado escuro reprimido. Em dado momento, ela pega os dois suspensórios do personagem com que contracena e os puxa, como um elástico, num típico movimento de picadeiro. Rio sozinho e falo para dentro: “Palhaça...” Bárbara para mim carrega a própria dualidade de um palhaço. Muitos sabem do seu passado triste, de onde vem, que seus pais morreram cedo, quem a criou, que veio de uma cidade pequena do Sul, que tem uma cicatriz que carrega desde a adolescência. Mas seu riso e talento contaminam quando as luzes se apagam. Agora, as cortinas se abrem. A Bárbara que nos prende a atenção e que se apresenta é a mulher que sempre surpreende. Movida por seus dramas e temores – armas de um artista completo –, cresce não a vítima, não a celebridade, não a loira bombshell, mas a grande atriz que ela é. Seu timing de humor e drama estão em perfeita sintonia. Bárbara é ‘gente de teatro’, que é como classificamos atrizes e grandes atrizes Coordenação Geral Adriana Verani Styling Lara Gerin Make&Hair Helder Rodrigues (Capa MGT) Produção editorial Paula Gugliano Assistentes de foto Aecio Amaral, Pedro Bonacina, Renata Terepins Assistente de make Michelle Pavão Camareira Renata Pina Agradecimentos Locação Padovani Consult / kitty@padovaniconsult.com.br Agradecimentos Moda Brechó Minha Vó Tinha, Casa Juisi, Fruit de La Passion, Marita de Dirceu Tratamento de Imagens RG ImagemÓrfã ainda criança, vencedora de a Casa dos Artistas, meme de internet. Bárbara Paz nunca esconde o passado ou as cicatrizes. Talvez por isso seja hoje uma das maiores atrizes do nosso teatro. Aqui ela se joga de corpo e alma à la Madonna nos anos 80
Yamila Pilo
Fincado no chão, o ponto se faz linha de aspiração vertical e sobe. Subitamente ela quebra qual anca na direção oposta. A curva segue sinuosa. Cria-se contorno: esvaziado de um lado, preenchido de outro. O corpo desenhado se forma e ainda nem saímos dos sapatos de Yamila Pilo. No alto de seus saltos agulha, invertido, plataforma, cone, stiletto ou qualquer outro nome que possa soar tão grego quanto sandália gladiadora, a portenha se vê hoje não só como modelo, mas também como designer de calçados. “Gosto dos altíssimos, esses que desafiam as alturas”, diz ela entre risos. A aventura empreendedora começou há pouco mais de dois anos, explica a argentina. O sonho infantil de ser modelo se concretizou logo na juventude. Defronte as câmeras, a moça quis se embrenhar pelos bastidores. Está prestes a se formar em Desenho da Indumentária na Universidade de Buenos Aires. “[No curso] se abriu um mundo para vestir pés”, conta. Fundadora da Pilo Shoes, Yamila diz que precisa fazer mágica para se dividir como designer, estudante e modelo. Some também o tempo para ficar em casa cuidando da cachorrinha e das duas tartarugas ou ao lado do namorado, com quem mora. “No tempo livre gosto de sair para jantar, ir ao cinema, ir à praia”, diz ela. Largada em seu apartamento, a jovem se desnuda enquanto chama a vista a suas salientes maçãs do rosto em meio a seus traços harmônicos, seu nariz pontudo e seus olhos sorridentes. Descalça, Yamila tem a cabeça longe e os pés no chão.
Retrospectiva Trip Girls 2013
Para manter a tradição, fizemos um seleção para você relembrar todas as Trip Girls que passaram pelas págnas do site e pela revista em 2013. Quer ver mais? Passe na nossa home page das Trip Girls e não perca nenhum detalhe dos ensaios de 2013. E que venham as Trip Girls de 2014!
Mandy Beckwith
Os olhos dela são azuis. Mas aquele tom de azul cintilante, quase impossível de acreditar que existe na vida real. Os cabelos são tão dourados que chegam a brilhar durante a sessão de fotos, contrastanto com a pele bronzeada. Mas engana-se quem acha que Mandy Beckwith, 19 anos, se valha de algum artifício para ficar com esta aparência, dignas de fotos de capas de caderno com fotos estonteantes de surf. A mão é sueca de olhos tão azuis quantos os dela, o pai é americano, responsável por criar a família ali em Long Island, Nova York, onde a filha trabalha como vendedora e aproveita as horas vagas para arriscar na carreira de modelo e aproveitar o sol - e o bronzeado - da praia dos nova-iorquinos. Apesar de ser extrovertida diante das câmeras (e dos clientes da loja onde trabalha), Mandy se define como uma pessoa discreta, prefere beber uma cerveja na praia com os amigos, do que se jogar na frenética noite da cidade onde mora. E foi numa dessas reuniões com os amigos que ela encontrou a amiga fotógrafa Luiza Moraes, que não perdeu tempo, sacou a câmera da mochila e fez os registros no habitat natural de Mandy: a praia.
Isabelle Cutrim
Ela era o patinho feio da turma, já morou em tudo que é canto, vive de olho no peso... Isabelle Cutrim, nascida há 22 anos numa fazenda no Maranhão, parece ser que nem todas as outras modelos. Mas, como as fotos a seguir provam, ela é muito, muito mais que isso À primeira vista, Isabelle Cutrim parece ser como todas as outras modelos: era o patinho feio da turma da escola (antes de o tempo fazer seu trabalho e tratar de acertar suas medidas), já morou em meio mundo (mas gosta mesmo é da terra natal), vive brigando com a balança (apesar de dizer que come de tudo), etc., etc. Isabelle até parece ser como as outras modelos. Mas não é. Maranhense de 22 anos, sua pele e seus olhos não se decidem pelo tom. Ora timidamente lolita, inspira cuidados. Ora fatalmente fulminante, inspira mais cuidado ainda. Adolescente, já figurava em campanhas e em catálogos de marcas e grifes ao redor do mundo. O trabalho fez a caixa postal da moça – que cresceu numa fazenda no interior do Maranhão – mudar muitas vezes: México, França, Espanha... Desde 2012, fixou pouso na Itália. “É o país da Europa onde as pessoas são mais receptivas”, diz. Em Milão, conheceu o atual namorado, o jogador profissional de basquete Alessandro Gentile. “Foi como estar no sofá da minha casa”, confidencia, a respeito deste ensaio Isabelle se mostra experiente, apesar da pouca idade. “Foi como estar no sofá da minha casa”, confidencia, a respeito deste ensaio. Entre tantas outras fotos e desfiles, ela ainda consegue arranjar tempo para si. Recentemente encontrou o boxe tailandês como maneira de se manter saudável e com o corpo em forma. “Prefiro praticar esportes e comer o que eu gosto a ter de fazer dietas”, diz. Comida, para a moça, pode ser um remédio contra a distância da terra natal. Pelo menos uma vez por semana vai a algum restaurante brasileiro. Se as energias estão repostas e o calendário permite, Isabelle viaja. “Sempre que posso dou uma escapada de Milão”, afirma, sem esconder o entusiasmo em conhecer novos lugares, pessoas e culturas. Esteja onde estiver, a garota traz recordações da infância nos braços da família e com os pés no chão. “O contato com a natureza é uma das coisas que mais gosto”, lembra. Por isso, quando mais velha, pensa num lugar para chamar de seu. “Quero ter meu refúgio: uma casa bem grande com um superjardim para meus filhos e meus netinhos”, sonha. Para quem poderia ganhar o mundo apenas com o que Deus lhe deu, a moça é modesta. Tá vendo? Isabelle não é uma modelo comum.
Styling: Stephanie Kherlakian Agradecimentos: Lingerie Yasmine Eslami_ www.yasmine-eslami.com
Trip #230 traz o especial 'Brasil: vai ficar ou tá a fim de ir embora?'
Nossas duas capas de março. Nas bancas a partir de hoje, quarta-feira, dia 12 de março A edição de março da Trip traz o especial Brasil: vai ficar ou tá a fim de ir embora? Criolo, Maya Gabeira, Ronaldo Fraga, Carlos Burle, Gilda Midani, Iggor Cavalera, Carlos Nader, Francisco Bosco, Dudu Bertholini, Carlos Saldanha e mais de 100 pessoas refletem sobre cair fora, ficar por aqui, viver em trânsito e sobre um dos momentos mais estranhos da história recente do país. Páginas Negras: Karim Aïnouz Nas Páginas Negras, entrevista com o Karim Aïnouz. Por que um dos maiores nomes do cinema nacional foi viver em Berlim? Luciana Pádua relaxa (linda e nua) em Paraty E nossa Trip Girl vem direto do interior de São Paulo. Luciana Pádua nasceu há 26 anos em Suzano, mas por lá não ficou muito. Já morou na periferia de Buenos Aires e, agora, pode ser encontrada em Paraty, onde vive fazendo massagem na praia. A Trip está nas bancas a partir desta quarta-feira, 12 de março. * Para os assinantes as revistas já estão sendo entregues. Se você não receber, por favor, entre em contato com a Central do Assinante (segunda a sexta das 9h às 18h): São Paulo: (11) 3512-9465 // Rio de Janeiro: (21) 4063-8433 // BH: (31) 4063-8482.
Camila Sansoni
“Já vou avisando que eu tenho uma personalidade muito porreta, completamente mil grau”. Foi assim que a modelo Camila Sansoni, 21 anos, começou a entrevista, sem sequer esperar o repórter fazer a primeira pergunta. Nascida em Osasco, mas criada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, a paulistana se orgulha da personalidade forte. “Sempre fui assim e não faço questão nenhuma de esconder. Até quando decidi sair de casa, tive que brigar com meus pais. Eles falavam que não ia dar certo sabe?”. Sua teimosia a levou longe. Decidiu que aos 15 anos iria seguir a carreira de modelo, viajou o mundo e hoje, além de morar sozinha, ainda ajuda os pais. O namorado ela dispensou faz quase um ano. “Ele brigava comigo, não deixava eu sequer pensar em ensaio sensual. Queria me controlar o tempo todo”. Mas sua personalidade forte, da qual ela tanto se orgulha, assusta muita gente, principalmente os homens. Por isso ela prefere ficar solteira, se dedicando apenas à carreira de modelo e à faculdade de Publicidade e Propaganda. “Tenho um rolinho aqui e outro ali, mas nada sério. Agora eu quero terminar a faculdade. Não vou ser modelo para sempre, né?”. A entrevista segue. Camila gesticula sem parar, fala de forma frenética, até que seu telefone toca e ela muda completamente seu tom de voz. A fala fica mansa. Seu cachorro “Chorão” – homenagem à banda Charlie Brown Jr. - havia acabado de sair do veterinário. “Acho que ele é um dos poucos que conseguem me deixar calma, sabia?”. A outra pessoa capaz de tamanha proeza foi o fotógrafo deste ensaio. “Achei que fosse ficar nervosa, mas ele soube me deixar muito à vontade. Sempre quis fazer um ensaio sensual. Gostei muito.”
Luciana Pádua
Luciana Pádua nasceu há 26 anos em Suzano, interior paulista. Mas por lá não ficou muito. Já morou na Bahia, na periferia de Buenos Aires e, agora, pode ser encontrada em Paraty, onde vive fazendo massagem na praia. “Um lugar a cada dois anos”, é o seu mantra Ficar ou ir embora? A decisão só depende do que Luciana Pádua estiver a fim de fazer no dia em que essa dúvida surgir. “Não é o lugar que vai te fazer feliz. Ajuda, mas a felicidade está dentro de ti”, resume. Criar raízes não combina mesmo com esta paulista de 26 anos, que já carregou sua felicidade por muitos lugares. Resolveu “sair do seu mundinho” aos 19, largou a casa dos pais em Suzano e desde então não sossegou mais. Participou de um projeto ecológico que não deu certo em Campos do Jordão, curtiu a vida na Bahia, morou na periferia de Buenos Aires. “Um lugar a cada dois anos” é o que tem de mais parecido com um plano. A mãe chama ela de passarinho. E, segundo a dona Sueli, passarinho a gente tem que soltar. A proposta só não teve sucesso em São Paulo, onde a estada durou apenas três meses. “É que não consigo ficar longe da terra, do verde, da qualidade de vida...”, diz a bela. Os dois dias que passou na capital para escolher as fotos deste ensaio já foram um suplício. Não é fácil enfrentar o cinza barulhento de uma metrópole para quem morou em sítio quando pequena, tomando leite de vaca recém-tirado e andando de pés descalços. Puxou essa sanha de mato do avô, que fugia da cidade sempre que podia. “Não me vejo longe da natureza.” Foi talvez por isso que ela e o namorado argentino adotaram a histórica Paraty, no litoral fluminense, como atual residência. Ela queria voltar para o Brasil e os dois saíram da capital argentina mochilando por aí. Gostaram do casario colonial cercado de mata atlântica, reservas ecológicas, praias, ilhas e do cotidiano vagaroso, agitado apenas de vez em quando por festivais e turistas vindos de todos os cantos. É esse movimento que garante o sustento dos dois massoterapeutas, que passam seus dias relaxando pessoas na areia, à beira-mar. Trabalham. Mas nem tanto. “O ser humano não foi feito para trabalhar 8 horas por dia, então eu trabalho menos pra poder praticar esportes, andar até as cachoeiras, aproveitar... Eu nunca trabalharia em um escritório!”, garante. Claro, passarinho não foi feito para viver em gaiola. “Gosto de provar tudo. Não há só uma verdade na vida, há várias. E pode haver uma para cada momento” A escolha da primeira profissão já denunciava a inaptidão para o comodismo: formou-se técnica em turismo, trabalhou com recreação em museu e hotel. Respeitando as próprias regras, resolveu mudar de área e estudar biologia, que cursou por – imagine a coincidência – dois anos. Luciana se considera uma bióloga de alma. “Gosto de provar tudo. Não há só uma verdade na vida, há várias. E pode haver uma para cada momento”, acredita. Ela solta suas frases com rapidez e segurança, parece orgulhosa de sua inconstância. Há um bocado de energia concentrada em seu corpo de apenas 1,63 metro. Se não está na areia trabalhando, está nas ondas de Ubatuba com sua prancha. Ou praticando tai chi chuan. Ou fazendo trilhas pela mata. Ou circulando de bicicleta por aí. Essas são as escolhas do momento, mas a miríade de atividades que experimentou passa ainda por variedades como handebol, ioga, vôlei e kung fu – estilo yi chuan. Por isso este ensaio não poderia ter sido feito em melhor lugar. Paraty, entre a serra e o mar, no meio do mato, dentro da água, Luciana enterrando os pés na areia, se sentindo em casa. “Foi lindo! Deu aquela meia hora de vergonha, mas eu tô alucinada... Foi muito puro, uma brincadeira, tudo muito natural”, empolga-se. E o Brasil, é mesmo o seu lugar? “Neste momento, sim.”
Camila Sansone
“Já vou avisando que eu tenho uma personalidade muito porreta, completamente mil grau”. Foi assim que a modelo Camila Sansone, 21 anos, começou a entrevista, sem sequer esperar o repórter fazer a primeira pergunta. Nascida em Osasco, mas criada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, a paulistana se orgulha da personalidade forte. “Sempre fui assim e não faço questão nenhuma de esconder. Até quando decidi sair de casa, tive que brigar com meus pais. Eles falavam que não ia dar certo sabe?”. Sua teimosia a levou longe. Decidiu que aos 15 anos iria seguir a carreira de modelo, viajou o mundo e hoje, além de morar sozinha, ainda ajuda os pais. O namorado ela dispensou faz quase um ano. “Ele brigava comigo, não deixava eu sequer pensar em ensaio sensual. Queria me controlar o tempo todo”. Mas sua personalidade forte, da qual ela tanto se orgulha, assusta muita gente, principalmente os homens. Por isso ela prefere ficar solteira, se dedicando apenas à carreira de modelo e à faculdade de Publicidade e Propaganda. “Tenho um rolinho aqui e outro ali, mas nada sério. Agora eu quero terminar a faculdade. Não vou ser modelo para sempre, né?”. A entrevista segue. Camila gesticula sem parar, fala de forma frenética, até que seu telefone toca e ela muda completamente seu tom de voz. A fala fica mansa. Seu cachorro “Chorão” – homenagem à banda Charlie Brown Jr. - havia acabado de sair do veterinário. “Acho que ele é um dos poucos que conseguem me deixar calma, sabia?”. A outra pessoa capaz de tamanha proeza foi o fotógrafo deste ensaio. “Achei que fosse ficar nervosa, mas ele soube me deixar muito à vontade. Sempre quis fazer um ensaio sensual. Gostei muito.”
Revista Trip no New York Times
É com muito orgulho que dividimos com vocês que a Revista Trip foi citada no New York Times, o mais importante jornal do mundo. Em um artigo sobre como as modelos transgêneros estão sendo tratadas de forma mais digna pela indústria da moda e pela sociedade do Brasil, o ensaio com a jornalista e modelo mineira Carol Marra, a primeira Trip Girl transex da nossa história, foi citada como argumento para mais força ao artigo. Vale lembrar que a Trip aborda as questões ligadas à compreensão mais ampla do que é gênero e do que é ser humano desde os anos 80. O artigo do NY Times você pode ler aqui. Já o ensaio com Carol Marra você pode ver aqui no site. :D