Nahira Salgado, 24, e Raquel Pellicano, 25, são duas garotas brasilienses. Em comum, além de morarem em Brasília, elas têm o encantamento pela fotografia. Ambas se apaixonaram por registrar pessoas, momentos, criar imagens, garimpar relíquias analógicas. Por causa da fotografia e de alguns amigos, se conheceram. De encontros frequentes, uma se revelou como musa a convite da outra pra uma sessão clicada especialmente pra Trip. Fotógrafa profissional há cerca de cinco anos, Raquel tem um olhar fresco, delicado e feminino que imprime claramente em seu trabalho. A frente de um estúdio na Capital Federal ao lado do marido, se dedica a projetos comerciais e em seu tempo livre, aos autorais, ou melhor, experimentais. É aí que Nahira entra e a história deste ensaio começa. A princípio, a loira de traços quase inocentes era apenas uma estudante de design que cumpria estágio na empresa de Raquel. Posar pra câmera é algo que encarou de forma muito desintencionada. Mas a naturalidade da estudante a frente das lentes é indiscutível. Sua beleza: notória, luminosa. Nahira foi um achado de Raquel, bem debaixo de seu nariz, dia a dia entre os corredores e salas do estúdio. “Quando a conheci, era extremamente tímida. Mas a desenvoltura nas fotos acontecia tão bem, que nem se imagina timidez”, conta a fotógrafa. “Quando a conheci, era extremamente tímida. Mas a desenvoltura nas fotos acontecia tão bem, que nem se imagina timidez”, conta a fotógrafa Sempre que convidada a participar dos projetos “lado B” da chefe, a estagiária prontamente aceitava. De retratos à editoriais de moda, estampou imagens sem acanho, como uma modelo experiente e íntima a todo o processo. Hoje entende que a intimidade que mostrava era construída bem antes por sua relação com Raquel. “Eu ficava à vontade porque era ela.” Entre um ensaio e outro, tornaram-se próximas. Passou a fazer parte de toda nova ideia da amiga, e seus olhos azuis protagonizavam muitas delas. Quando a fotógrafa pensou em clicar nudez, sua primeira garota tinha que ser a estudante. O ensaio que você vê aqui é o primeiro trabalho sensual publicado por Raquel. É também o primeiro de Nahira, que não ousou pensar duas vezes ao aceitar mais um convite. “Não era qualquer um que faria, era ela. E eu já estava muito acostumada a posar pra ela. Então, não foi um desafio. Me senti muito confortável. Até me surpreendi com o resultado.” As imagens foram realizadas no apartamento de Raquel, em uma tarde qualquer de sol morno, em mais um das aventuras imagéticas das duas. “Com uma luz linda, uma modelo linda, e um lugar agradável, foi delicioso fazer”, entrega a amiga chefe.
Nahira Salgado
Fernanda Mayrinck
Acho ótimo. Vamos falando até a gente se perder... Adoro me perder. Eu e Fernanda conversamos, nos perdemos, em um restaurante natureba e cheio de verde, do jeito que ela gosta, em Ipanema, bairro onde mora. Nossa Trip Girl de 38 anos – uma Trip Woman, na verdade – vestia regata branca soltinha, daquelas que não escondem, mas também não mostram, saia longa, sapatilhas e óculos estilo aviador, que ela tirou assim que sentou na mesa. O ensaio que você acabou de ver (claro, ninguém vai ler o texto antes de ver as fotos) havia sido clicado no dia anterior, na Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ). Como foi ontem, Fernanda? Mas foi fácil ficar pelada na frente de um monte de gente? Foi fácil, mas ela só resolveu despir-se por uma causa: a defesa dos animais e o veganismo, filosofia de vida que boicota qualquer alimento ou produto de origem animal. É a ela que a moça dedica boa parte de seu tempo e energia quando não está trabalhando para pagar as contas, como produtora freelancer de cinema. Seu currículo de ativista é extenso: é filiada ao Greenpeace, ao Sea Sheperd e ao Instituto Nina Rosa, todos organizações defensoras dos bichos; foi voluntária no Ibama, aplicando primeiros socorros em tucanos e outros animais silvestres que chegavam de apreensões; realizou uma mostra de cinema sobre o assunto para crianças da favela do Cantagalo e da zona sul do Rio de Janeiro; e participa da produção da Mostra Internacional de Cinema pelos Animais, em Curitiba. Sou ativista desde os 7 anos de idade, quando vi matarem uma galinha na casa da minha avó para o almoço. Eu tinha uma relação com aquela galinha! Comecei a chorar e a cozinheira disse que, se eu não parasse, ela não ia morrer. Foi um horror. Naquele dia, não almocei. Ela narra a história como se fosse o assassinato de uma amiga. Nascida em Niterói (RJ), Fernanda mudou-se ainda criança para Belo Horizonte, onde morou até ir para o Rio, quase dez anos atrás. Na escola, enquanto as colegas carregavam bonecas pra lá e pra cá, ela levava macaquinhos de pelúcia. Seu tio-avô era ambientalista. Os pais, apesar do episódio da galinha, também sempre gostaram de animais. E acabaram convertidos ao vegetarianismo por Fernanda, assim como todos seus ex-namorados. Você está namorando no momento? Vamos comer, Fernanda? Fico com vergonha de pedir um filé que me fez salivar desde que abri o cardápio. Legumes com quinoa. Fernanda, não é muito comum uma mulher de 38 anos pelada numa revista. Você pensou nisso? Tem algum outro recado que você queira dar, além da defesa dos animais? Uma maritaca começa a cantar na árvore ao lado, parecendo que quer entrar no papo. Silêncio na mesa. Vamos deixar ela falar. Bicho solto: A defesa dos animais e o veganismo, filosofia de vida que boicota qualquer alimento ou produto de origem animal, são as causas abraçadas por Fernanda Mayrinck — que, aos 38 anos, faz seu primeiro ensaio sensual
Fernanda, pra falar a verdade não vim com perguntas prontas. A ideia é a gente ir conversando e ver o que sai disso.
Ai, foi lindo. Me senti como a Eva, no Paraíso.
Facílimo. Só tirar a roupa [risos]. O homem que botou moralismo nessa história.
Não sei [risos]. Não é qualquer homem que me aguenta. Sou difícil, eu sei. Os homens têm que ser muito seguros, fortes, para darem conta de mim. Mas eu sou normal! Sou supercarente, cheia de amor para dar.
Vamos! Gosto deste restaurante porque não fazem segregação, tem comida para todo mundo. Vou de nhoque de beringela. E você?
Fique à vontade, viu?! Não faço mais patrulha. Já fui chamada de chata por causa disso. O vegetarianismo não pode ser uma limitação. Tem que ser uma libertação. Quero que você diga neste texto que é muito fácil viver sem comer animais.
Só pensei nisso. Uma mulher é bonita independentemente da idade. Está aí a Bruna Lombardi, por exemplo. E, claro, a Brigitte Bardot, minha maior musa. Ela sempre usou sua beleza para defender os animais e popularizar a causa. É exatamente o que quero fazer.
Claro, questão de educação.
Coordenação geral Adriana Verani / Produção Flavia Fraccaroli / Styling Helena Luko / Produção de moda Gabriela Michelini / Make Jésus Lopes / Assistente de foto Mariza Fonseca / Tratamento de imagens André Cossich / Agradecimentos Parque Nacional Serra dos Órgãos – ICMBio / MMA
Vem cá, Luiza
A santista Luiza Nascimento, 23 anos, é a Trip girl exclusiva do site da edição #220, que chega às bancas no começo de abril. O ensaio completo você vê aqui no site no dia 04/04, mas já pode ir se preparando: você também vai se apaixonar. Pablo Saborido Luiza Nascimento
Luiza Nascimento
No dia da maior tempestade do ano, Luiza entrou na redação como protagonista de um romance nunca escrito no qual sou só um figurante. Eu olhava a chuva pela janela quando a vi cruzar o corredor em direção à minha mesa. Ela usava uma blusa de seda vermelha muito fina que, apesar de larga, tinha um decote diagonal transparente que exibia sutilmente um sutiã rendado preto. Com classe, andava devagar, decidida e e cuidadosamente maquiada em uma tarde de temporal, como se recusasse à natureza o gosto de vê-la na rua parecendo qualquer coisa menos do que esplêndida. As cabeças virando para acompanhar caminhada não pareciam lhe incomodar enquanto ela chegava, vagarosamente, para me dizer "oi" com um já completo sorriso no rosto. Enquanto conversava com a morena de pele claríssima para este perfil, meus olhos estacionaram sobre os dela. De primeira, confesso, nem reparei a semelhança de nossa Trip Girl com Mel Lisboa, atriz que marcou a TV brasileira como a ninfeta protagonista da minissérie Presença de Anita. Eu só tentava definir qual era o trunfo de sua beleza, que apesar de carregar uma inocência que pode ou não ser proposital, tem também um toque de sensualidade que desarma qualquer pessoa em seu caminho. Ela diz não saber o que os homens vêem nela: “Eu me acho bonita, mas acho que faço mais sucesso do que eu deveria. Tenho cara de criança”, ri enquanto se mexe devagar, com toda a graça do mundo. “Sou tímida demais e sou péssima para paquerar, até quando estou a fim. Mas nunca sou grossa com ninguém. Sempre trato as pessoas como gostaria de ser tratada.” Conforme ia me recompondo do choque de ter que fingir indiferença ao encantamento causado por Luiza, aprendi mais sobre ela. De sobrenome Nascimento, com 23 anos, a santista vive em trânsito no eixo Imigrantes-Anhanguera entre São Paulo, onde trabalha no Instituto Butantã, e São Vicente, onde mora com a mãe. A estudante do último ano de Farmácia sonha com um trabalho na área de pesquisa, tem Marie Curie como heroína e modelo, mas como toda mulher forte e decidida, recusa-se a definir-se pelo que faz. “Tenho vários lados. Sou várias pessoas numa só. E no ensaio descobri lados novos em mim” “Eu tenho vários lados. Sou várias pessoas numa só. E no ensaio eu descobri lados novos em mim”, contou provocativamente, brincando sobre os motivos que a levaram a posar nua. “Muita gente me falava que eu ia gostar de fazer essas fotos. Sempre quis fazer um ensaio assim. Quero ter esse material para quando estiver mais velha. O que eu quero é mostrar para meus netos como a avó deles era gostosa.” Luiza tem tatuada no braço esquerdo a representação da molécula de serotonina. O curioso é que o efeito que ela causa no corpo de seu interlocutor é o mesmo que o chamado “neurotransmissor da felicidade” tem no cérebro humano: sensação de alívio, alegria e excitação. Entre piscadas lentas de seus olhos profundos, ela revelou o que é preciso para ter acesso a um pouco dessa química. “Não tenho namorado então não tive que enfrentar ciúmes para posar nua. Mas se tivesse, jamais namoraria um cara tão cabeça fechada que não me apoiasse em uma hora como essa. Homem tem que ter mente aberta. Não gosto de cara preconceituoso, nem de cara muito coxinha, nem de cara mau-humorado”, afirmou, com uma determinação digna de grandes oradores. “Não tenho grandes segredos. Sou fácil de agradar. O que eu gosto é de aproveitar a vida de todos os jeitos. Pra que aproveitar de um jeito só?” Foi só depois do nosso encontro que pude ver as fotos do ensaio que você vê acima. Eu conheci só um dos muitos lados de Luiza e provavelmente nunca mais terei a chance de vê-la assim de perto novamente. O outro você conhece aqui no site da Trip. Produção Executiva e de Moda Anabelle Custodio / Make & Hair Alessandra Maloupas / Créditos de Moda: Darling / Plié / Toli / Scala
Laura Diaz
A menina da página ao lado, essa que faz com que sua circulação ganhe ritmo, está sendo processada por formação de quadrilha. Laura Diaz era uma das 72 pessoas que estavam no prédio da reitoria da Universidade de São Paulo na noite de 8 de novembro de 2011, quando a polícia militar entrou e prendeu os manifestantes, que gritavam por uma universidade “despoliciada”: para os envolvidos, não se pode pensar livremente com policiais fazendo rondas e checagens. Por isso, a fim de tentar desencaretar um campus, aos olhos deles cada vez mais decadente, resolveram agir, algo que Laura faz muitas vezes por ano, em nome de causas que considera significativas. Às vezes, vestida; outras, despida. Em dez minutos de conversa fica evidente que ela é feita de um material poderoso, a indignação. Não há, aliás, outro caminho para mudar o mundo; só os indignados fazem a roda girar. No caso dela, a combinação é inflamável: rosto e corpo perfeitos e intensidade suficiente para alterar as marés. Talvez tenha sido justamente movida por altíssimas doses de indignação que ela tirou a roupa em público pela primeira vez. “Nem me lembro quando foi”, diz. Ela só lembra que aconteceu do jeito mais natural possível. “Não tenho problema em me despir e usar meu corpo. Só acho que temos que tomar cuidado em como usar o corpo porque, com ele, estamos comunicando uma mensagem.” Amor Livre Laura tem 23 anos, está se formando na Escola de Comunicação e Artes da USP e trabalha na TV USP. Para quem quiser escutar o tom encantadoramente indignado de sua voz basta tocar em assuntos como Pinheirinho, homofobia, corrupção, política nacional e cerceamento de liberdades. “O que me move é a escalada da repressão pelo país e pelo mundo. Que democracia é essa?” Quero saber como tirar a roupa pode ajudar na causa, e ela diz: “Tirar a roupa ou ficar com ela não tem nada a ver com a luta, do ponto de vista estrutural. Quando a gente coloca o corpo dessa maneira a gente se opõe à violência da vida, ainda mais numa cidade como São Paulo”. Estar despida, eu concluo, é um apelo natural pela liberdade que nos é, todos os dias, roubada em nome dessa falsa segurança que se chama repressão. “O absurdo não é eu estar despida no centro de São Paulo, o absurdo é a violência, é o que viraram as relações amorosas, meramente contratuais e econômicas, é a gente ser estuprado no trabalho todos os dias e achar que está OK aquele salário que não está nada de acordo com o tanto que se trabalha.” Mesmo se ela estivesse falando a favor da absurda escolha de Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara seria muito difícil discordar; é um poder que vem de fábrica com toda mulher muito bonita. Recentemente, saiu da casa dos pais no bairro de Santa Cecília e foi morar com três amigas. Marxista, diz que o essencial em qualquer linha política é a capacidade de agir. “Se você não aplica as coisas que você idealiza, vai ficar paralisado e virar aquele tipo de cara que só reclama. Velhos de 20 anos. Eu conheço muitos, gente que está aí parado criando raízes.” As críticas se estendem aos relacionamentos – precisamente, aos “2 mil anos de história que construíram casamentinhos meia bomba e relaçõezinhas levianas”, como ela diz. “É claro que não é fácil mudar o esquema para uma forma de amor mais livre, superar a discussão sobre ser hétero, homo ou pan. A revolução é permanente.” Pergunto se ela seria capaz de se apaixonar por alguém menos envolvido, e ela é rápida: “Acho que não tem como se apaixonar por alguém que está morto”. Nas horas vagas, Laura toca com sua banda Angela Carne e Osso e os Bacanais – e, no caso, Angela Carne e Osso, “a mulher de todos”, é ela. Além disso, dedica-se ao trabalho que ama: montagem de filmes. Antes de encerrarmos, manda um último recado: “É hora de agir, de construir. É isso ou ficar para sempre reclamando como adolescente, e eu não quero acreditar que minha geração tenha tão pouco a dizer”. À luta, rapazes. Vai lá: www.facebook.com/carneossoeosbacanaisVocê vê curvas perfeitas, ela vê injustiça. Você vê libido, ela vê a necessidade de se entregar à luta. Laura Diaz, a proprietária de linhas tão bem integradas, quer mudar o mundo. Mas, por hoje, pode ser só o seu
Coordenação Geral: Adriana Verani / Produção: Bernardo da Mata e Flavia Fraccaroli / Estilo: Aline Prado e Paulo Troya_Image S.H.E.E / Make&Hair: Paulo Ávila / Assistentes de Foto: Cal Vasques e Cadu Maya / Créditos de Moda: Agatha_American Apparel_Aparecida_B. Luxo Vintage_Converse_Darling_Levi’s_Scala / Tratamento de Imagens: Image Touch
Tuany Biancato
Carol Marra
Melissa Constantino
Sofia Angeli
Sofia Angeli posa para as lentes de seu namorado, agora em vídeo
Teca Pasqua
Stella Chinelli
Janaina Maldonado
Veja abaixo a entrevista com a modelo:
Júlia Bernardi
Em Fernando de Noronha, existe a lenda do pecado. Ela é da época de quando Noronha ainda era uma ilha sem mulheres, a prisão selvagem dos homens. Fala sobre o amor proibido entres dois seres gigantes, adúlteros e, com certeza, um tanto safados. Foram castigados por amar demais (leia-se: por fazer muita safadeza por aí) e transformados em cartões-postais para os turistas. Os dois viraram o Morro do Pico e o Morro dos Dois Irmãos. Noronha é uma ilha no meio de um Atlântico bravo, um pequeno paraíso feito da pedra vulcânica de um amor proibido. Desse vulcão, que era uma ilha sem mulheres, vem esta mulher aqui, a Júlia, de 19 anos. Ela cresceu numa casa simples na ponta da ilha, cercada de mar, com uma mãe bronzeada que acorda de baby-doll cor-de-rosa e um cachorro que só entende francês. Sabe o que significa “nadar no mar de fora”, sabe esperar a maré. Seus pés já sabem pisar nos ramos certos das árvores vermelhas, seu rosto já procura o sol e a sombra com facilidade. Sabe como funciona o músculo da curva da bunda, como mexer as linhas das coxas douradas. Ela se empolga mostrando a terra dela. Sobe nas árvores, deixando a blusa branca cair na grama, coberta de flores vermelhas. Sobe nas pedras. Suas pernas firmes e morenas a levam para todos os cantos da ilha. Pega carona com facilidade. Gosta de comer lagosta, sabe quebrar um marisco com uma pedra para alimentar os peixes. Ela tira o biquíni, deixa a bandeira voar atrás dela no vento junto com os cabelos No nosso primeiro encontro, busco ela em casa cedinho, no amanhecer. Ela abre a porta de calcinha branca e de canga. O cachorro loiro deve estar pensando o mesmo que ela, acompanhando cada passo seu. Júlia fala francês – um souvenir de um ex-namorado da mãe – com ele. O vento bate forte, espalhando os cabelos dela pelo rosto. A blusa cai dos ombros. Tal mãe, tal filha Parece um sonho acordar nessa casa dourada com o sol da manhã, uma pequena cerca de madeira e o oceano enorme e violento atrás, numa rua sem número. A mãe, vestida com uma camisola de seda e renda, sai do portão. Um sorriso sonolento se abre. Ela olha para a filha, nua e com os cabelos ao vento, com certo orgulho, de um jeito que só uma mulher linda e forte olha, quando sabe que com seu corpo fez outra mulher linda e forte. Dá um beijo no rosto da filha e faz um café para nós. Me sinto honrada de poder testemunhar esse tipo de coisa, o quanto essas duas mulheres são fortes, bonitas, sexy e pertencem uma a outra. E moram aqui, nessa pequena casa de cimento pintado de amarelo com água brava em volta. No dia em que a gente pega um barco e sai pela Praia do Sancho, fico maravilhada com o quanto ela é adepta do mar. Sabe navegar as ondas, fica dois minutos na apneia, dando cambalhotas nua por baixo das ondas. A menina é feita de sol – só de olhar para a pele dela já dá calor. Ela me diz que quer virar fotógrafa, que quer fotografar paisagens. Que vai pegar a grana que ganhou fazendo essas fotos para fazer um curso de fotografia em Natal. Depois fomos para uma baía, cujo nome não me lembro mais. Pegamos a bandeira de Noronha emprestada da prefeitura, a única bandeira que existe na ilha. Ela tira o biquíni, deixa a bandeira voar atrás dela no vento junto com os cabelos. Levanta mais a bandeira para mostrar melhor a bunda dourada. “Assim tá bom?” E aqui estamos, com o que sobra dessa ilha do paraíso e do pecado, com essa mulher tão jovem, com tanto potencial. O escritor Oscar Wilde disse melhor: “Represento para você todos os pecados que nunca teve coragem de cometer”. Eis a Júlia. Ela, o pecado mais corajoso do paraíso. Coordenação Geral: Adriana Verani Júlia Bernardi, 19 anos, nasceu e cresceu em Fernando de Noronha, “em uma casa simples na ponta da ilha”. Ela sobe em qualquer árvore, pega carona com todo mundo e tem um cachorro que só entende francês
Produção: Flavia Fraccaroli
Assistentes de Foto: Michele Roth
Agradecimentos: Atairu Brasil / Atlantis Divers / Dolphin Hotel Noronha / Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha - ICMBio
Janaína Maldonado
Julia Bernardi - TripTV #27
Deixe-se encantar pela beleza natural de Julia Bernardi. Nascida e criada em Fernando de Noronha, Julia consegue deixar a paisagem da ilha ainda mais paradisíaca.
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Esse vídeo é parte integrante do programa TripTV #27
Veja na íntegra aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ZA1_v4PZuu4
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TRIP TV, o programa semanal da TRIP, vai ao ar pela Mix TV todos os sábados, às 23h, com reprises às terças, às 23h30, e quintas, às 23h45
Catharina Bellini - TripTV #29
Um ensaio sensual com Catharina Bellini. Depois de morar um ano na Ásia, em países como China e Coreia do Sul, ela volta ao Brasil e pretende estudar fotografia.
Thais Panighel
Carol Mânica - TripTV #30
Revelamos toda a beleza da atriz Carol Mânica: "Eu acreditava que pra me tornar uma atriz, eu precisava ser uma grande atriz de teatro, então me dediquei muito a isso".
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Esse vídeo é parte integrante do programa Trip TV #30. Veja na íntegra aqui.
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TRIP TV, o programa semanal da TRIP, vai ao ar pela Mix TV todos os sábados, às 23h, com reprises às terças, às 23h30, e quintas, às 23h45.
Carolina Mânica
Não brigamos. A Cacá e eu nunca realmente brigamos. Já discutimos bastante, mas nunca brigamos. Fomos namorados, namoridos, por um pouco mais de nove anos. Lembro como se fosse hoje do dia em que nos conhecemos nos corredores de uma rede de televisão em Porto Alegre. Ela, tímida, recém-chegada e já despertando o interesse da rapaziada que trabalhava por lá, inclusive o meu. Me igualei aos outros quando tentei, sem sucesso, fisgar sua atenção. Ela era uma rocha, tinha namorado. E eu mal podia imaginar que, logo no dia em que eu seria demitido da TV, ela me daria bola. Essa data virou o aniversário do casal. Eu tinha o sonho de ser quadrinista e ela o sonho de ser atriz. Viemos para São Paulo juntos no começo de 2004. Quando a Cacá me convidou para escrever este texto, ela já havia sido a garota corajosa que desbravou a jornada árdua do ator na cidade grande, já havia sido a atriz que juntou obras, artes originais e manuscritos de artistas e escritores como Laerte, Angeli, Lourenço Mutarelli, Daniel Galera e Marcelo Rubens Paiva que resultaram em uma exposição/leilão em prol de um espetáculo com o texto de Mário Bortolotto. Na época o termo “arte pela arte” virou moda. E isso bem antes de se falar em crowdfunding no Brasil. Ela também já havia sido a pessoa que me empurrou para eu ir atrás do meu sonho de histórias em quadrinhos, dando suporte emocional, vendo cada página nova que eu fazia por cima do meu ombro. Nessa época, começou a trabalhar com diretores como Gerald Thomas, Eduardo Tolentino, Bortolotto. Foi trabalhar na televisão, no cinema. Tive o grande privilégio de assistir àquela corajosa garota se transformar em uma grande e reconhecida atriz. Uma determinação sensível e às vezes severa para com o que acredita. Uma rocha no amor e na fé. Aquela mesma rocha de sempre. Uma rocha onde achei equilíbrio quando estava inseguro e pude deitar seguramente minha confiança. Virei rocha também. Viramos a rocha um do outro. Quando a Cacá me convidou para escrever este texto, nós já havíamos nos separado. Não brigamos. Vivemos nove anos de um lindo amor que teve a satisfação de ter dado certo. Fomos cúmplices e assistimos na primeira fila ao sonho do outro se tornar realidade, os primeiros a nos aplaudir. O que nos ligava como homem e mulher se transformou num elo maior, no de irmãos. Nós celebramos isso, temos projetos juntos, como uma banda de rock. Celebro oferecendo minha casa para comemorarmos o aniversário do novo namorado dela, o meu querido João. Sabemos que poucas pessoas entendem essa nossa relação, mas os que entendem dizem que transcendemos e que são influenciados por isso. Mas a gente... a gente dá risada, não podia ser diferente. Um amigo uma vez me disse que éramos o casal mais legal que ele conhecia. E que hoje somos o não casal mais legal. O que une as pessoas não deve nunca ser interrompido, mas transformado. Amar é não ter medo de entender o amor e a sua grandeza. Amar é se sentir grato. E eu sou imensamente grato.Enquanto a atriz Carolina Mânica, 29 anos, faz arte em um ateliê, o quadrinista Rafael Grampá, seu ex-namorado (atual "irmão") abre o coração: "Um amigo uma vez me disse que éramos o scasal mais legal que ele conhecia. Mas que hoje somos o não casal mais legal de todos"
Nancy Ohara
A paulistana Nancy Ohara, 23, nunca perdeu muito tempo pensando no que queria fazer da vida, mas sempre soube o que queria para cada momento que viveu até então. Talvez por isso, deixou as coisas acontecerem sozinhas, e até hoje faz assim. "Me jogo no momento, este e o plano!", diz. A paulistana é amante das experiências mais arriscadas, as que dão frio na barriga mesmo. Já pulou de para-quedas, fez rapel, passou dois dias escalando o Pico da Agulha Negra, já foi pra debaixo de cavernas totalmente imersas por água em Petar, no sul do Estado de São Paulo. Aventura pouca pra ela é pura bobagem e perda de tempo. Batemos um papo com a garota corajosa, que entregou: tem planos pra passar uma temporada no Havaí. Qual a sua formação? Estudou onde? E o que você sonhava em ser quando crescesse? Você é da geração fitness ou é mais desencanada? Soube que você adora esportes com adrenalina. Qual a maior aventura pela qual você já passou? Por falar em amor, você já amou alguém intensamente? "Nunca fiquei com alguém sem ser pra amar demais e intensamente" O que a faz rir? Você é brincalhona ou faz o tipo séria, fechadona? E o que a faz chorar? O que pretende fazer no Havaí? Vai ficar quanto tempo? O que São Paulo tem de melhor o que o tem de pior?
Acabei de concluir o curso de Administração da Anhembi Morumbi. Estudei no Dante Alighieri, até ser convidada a sair [risos] e ir para o St. Hilaire no penúltimo ano.
Nunca pensei muito em o que queria ser, penso somente no que eu quero agora. Mas meus sonhos sempre tiveram a ver com arte e expressão ou esporte, nada tradicional, então tenho o sonho de ser cantora, jogadora de futebol ou qualquer esporte. Mas enfim, o que quero mesmo é fazer algo que goste e bem feito.
Não sou encanada, mas adoro me cuidar. Sou vaidosa, me sinto bem quando estou bem. Então me cuidar, fazer exercícios são cuidados que tenho para minha mente e consequentemente resultam no meu corpo. Não sou de academia, corro todo dia logo que acordo e procuro me manter na ativa durante o dia, seja onde eu estiver.
Já pulei de para-quedas, fiz rapel, já passei dois dias escalando o pico das Agulhas Negras com minha família, já explorei cavernas totalmente imersa por água, no Petar. A adrenalina é meu combustível! Em tudo que faço, precisa ter uma pitada dessa sensação, de intensidade. A maior aventura é viver a todo momento com vontade, curiosidade e sede de sentir todas as emoções e sentimentos possíveis. Foi amar todas as vezes que amei, do jeito que amei, foi a de fazer tudo o que sempre tive vontade sem me importar com barreira nenhuma, preconceito algum e opinião formada.
Já, todas as vezes que namorei. Nunca fiquei com alguém sem ser pra amar demais e intensamente. É o mais gostoso de tudo.
Sou brincalhona, amo rir, se pudesse viveria toda hora rindo muito e de tudo. Não sou de pregar peças ou fazer molecagens com os outros, mas adoro fazer as pessoas rirem.
Não sou de chorar muito, ainda mais na frente de alguém. Já tentei chorar varias vezes mas não tenho paciência, tenho preguiça de ficar cultivando a tristeza por muito tempo. A ultima vez que chorei foi por amor e também porque crescer dói pra c* [risos].
Estou indo para São Francisco agora e depois irei pro Havaí, vou fazer um intercâmbio para estudar.
Adoro São Paulo, nasci aqui. Mais acho uma cidade um pouco individual, muita correria para ser alguém e ter dinheiro e as pessoas se esquecem de do que realmente faz bem.